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"Desobediência excessiva pode ser transtorno", diz psiquiatra infantil

Por Danielle Nordi

Em entrevista, o especialista Gustavo Teixeira, autor do livro "O reizinho da casa", explica as diferenças entre uma simples birra e o transtorno desafiador opositivo



Discordar, desobedecer ou se opor são atitudes normais e, até mesmo, esperadas quando uma criança é contrariada ou repreendida. Esse comportamento está longe de ser preocupante no dia a dia. Entretanto, quando ele começa a interferir na rotina da criança trazendo sofrimento e dor, os pais devem ficar atentos.
Em seu novo livro "O reizinho da casa" (Editora BestSeller), o psiquiatra especialista em infância e adolescência Gustavo Teixeira explica que a desobediência excessiva pode indicar que a criança sofre de transtorno desafiador opositivo. Confira, na entrevista abaixo, como os pais podem identificar e lidar com essa condição:
iG: A criança desafiadora ou desobediente deve ser fonte de preocupação para os pais?
Gustavo Teixeira: É natural que toda criança durante seu desenvolvimento tenha um comportamento desobediente, opositor. Não podemos achar que tudo é patologia. Só podemos estabelecer que é um transtorno, nesse caso chamado de transtorno desafiador opositivo, quando os sintomas presentes no dia a dia dessa criança são tão graves e incapacitantes que interferem diretamente em sua vida. Provoca dor e sofrimento para ela e para todos que a cercam. Essa criança tem prejuízos significativos na escola ou na área social. Existe dor. Encontramos famílias completamente desestruturadas por causa desse problema.
iG: Quais sinais indicam que o filho está cruzando o limite de apenas “ser criança” para poder ser caracterizado o transtorno desafiador positivo?
Gustavo Teixeira: São dois parâmetros que precisamos prestar atenção: o funcionamento acadêmico e o social. Quando o sintoma é grave a ponto de suspeitar do transtorno, essa criança terá prejuízo acadêmico. Ela não gosta de trabalhar em grupo, desafia professores, não aceita fazer dever em casa ou sala. Além disso, tem o parâmetro social, que vai ser o principal indicador. A criança terá dificuldade de se relacionar com iguais, vai se opor a tudo, brigar com figuras de autoridade, desafiar orientações de adultos de uma forma geral. O funcionamento social será bastante problemático. É preciso ficar alerta para esses sinais.
iG: O que causa o transtorno desafiador opositivo?Gustavo Teixeira: Esse transtorno, como outros, apresenta causas biológicas que a ciência ainda não sabe exatamente quais são. Também existem os desencadeadores ambientais. Estudos mostram que a criança que vive em lares com pais agressivos ou com normas demasiadamente rígidas pode apresentar o transtorno. Outro gatilho importante é o núcleo familiar que utiliza métodos exatamente opostos ao mencionado, ou seja, famílias sem regra alguma. Nesse cenário, a criança acaba manipulando o pai e a mãe e se torna o “reizinho” ou “rainhazinha” da casa. Os pais se desautorizam na frente da criança, ela não tem hora para almoçar, para fazer lição de casa, para tomar banho. Não existem regras a serem seguidas. Esse é um exemplo de criação parental problemática. Quando uma criança tem transtorno desafiador opositivo é mandatório fazer uma orientação com os pais porque eles também fazem parte do problema.
iG: Em qual idade o transtorno pode se manifestar?
Gustavo Teixeira: O diagnóstico, normalmente, fica mais evidente entre seis e oito anos de idade. Mas existe uma variação. Muitas vezes a gente identifica alguns sintomas antes.
iG: Se o pai acha que o comportamento do filho está um pouco fora do normal – vai além uma birra corriqueira ou de uma oposição natural da idade - e desconfia de um transtorno, o que fazer? Quais suas opções?
Gustavo Teixeira: Se o pai percebe que o filho tem esses sintomas que impactam a vida da criança e de quem a cerca, a primeira etapa é buscar ajuda profissional através de um serviço de psiquiatria infantil para que o médico possa avalizar e fazer o diagnóstico. A partir daí algumas intervenções podem ser colocadas em prática. Um bom trabalho de psicoeducação será feito informando à família do que se trata esse problema, o que causa e o que piora o quadro. Além disso, esses pais precisam aprender novas estratégicas para lidar com esse comportamento. Dependendo do caso, é possível fazer terapia cognitivo comportamental. E temos a opção de alguns medicamentos, mas é preciso ficar claro que eles não são curativos. A inserção de medicações funciona para aliviar os sintomas. Quando se decide pela medicação, o objetivo é clinicamente aumentar o “pavio da criança”, tornando-a menos impulsiva, desafiadora e explosiva para que os adultos tenham acesso a ela. Eventualmente, os sintomas do transtorno vão melhorar e esse medicamento será retirado.
iG: Qual a melhor maneira dos pais lidarem com a criança que sofre desse transtorno?
Gustavo Teixeira: Depende de cada caso, mas de uma forma geral as orientações mais importantes são: os pais precisam estar sempre de acordo um com o outro, falar a mesma língua, não podem se desautorizar na frente dos filhos. Além disso, devem aproveitar o tempo que passam com as crianças com qualidade, interagir com o filho, fazer refeição junto, conversar, procurar saber como ele está. Técnicas de reforço positivo e premiação de comportamentos assertivos também são importantes. Quando a gente congratula alguém por um bom comportamento, aumentamos a chance dessa atitude acontecer de novo no futuro. Quando o reforço positivo não funciona, os pais podem lançar mão de técnicas de punições brancas, como canto do castigo, bronca leve, desaprovação. Devem mostrar qual o comportamento esperado da criança antes de um evento. Retirar regalias, desde que os pais avisem a criança que isso pode acontecer caso antes de aplicar a punição, também é recomendado. É importante ressaltar que bater não pode. Isso não ajuda. Pelo contrário, é prejudicial porque estimula a violência e ensina que ela algo é positivo.
Fonte: IG

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